[...] A reunião de textos que descrevem e buscam se aproximar de ambientes e práticas da Umbanda evidencia o quão plural e complexo são esses fenômenos, e como a diversidade de suas manifestações e experiências torna difícil categorizá-las, discriminá-las claramente, fazendo ganhar a complexidade e a diversidade e sacrificando a pretensão de que seja possível abarcar racionalmente e tornar classificáveis fenômenos tão atávicos como os relacionados ao imaginário e à religiosidade. Estamos sempre frente a algo maior, inabarcável, fascinante e ao mesmo tempo incômodo para o olhar que busca certezas e categorias. Não há como adentrar esses territórios sem abrirmos mão das vaidades, o olhar iniciático exige entrega, é preciso aceitar as incertezas na própria carne. Resgatar a sabedoria de nossos ancestrais, das forças “espiritonaturais” presentes na Umbanda, levantar o pó de pemba e defumar a coisa toda. É disso que esse livro trata, de olhares, de aproximações do que nunca se poderá traduzir, do que não se quererá desvelar. E do que será sempre provocador do riso e do grito, da dança e do bater dos tambores.
Trecho do prefário assinado por Malena Contrera